segunda-feira, 29 de abril de 2013

A Conquista da Honra e Cartas de Iwo Jima


Conheça uma das batalhas mais sangrentas da II guerra mundial sob o ponto de vista dos EUA e do Japão. De quebra, saiba de uma das maiores farsas orquestrada pela propaganda oficial.

2 indicaçõeao Oscar, nas categorias de Melhor Som e Melhor Edição de Som. 1 indicação ao Globo de Ouro de Melhor Diretor

Com direção de Clint Eastwood e produção de Clint Eastwood, Steven Spielberge Robert Lorenz, A Conquista da Honra  (Flags of Our Fathers) conta a históriavivida por sobreviventes da batalha pela conquista da ilha de Iwo Jima. Umapequena ilha de aproximadamente 21 km2 e cerca de 1200 km ao sul de Tóquio - Japão (medido pelo Google Earth) e que um interessantíssimo especial da Vejacoloca como a 1 km (???) de Tóquio.

http://veja.abril.com.br/especiais_online/segunda_guerra/edicao008/sub2.shtml

filme mostra o drama de soldados que protagonizaram uma das fotos mais reproduzidas da história (a doamericanos plantando a bandeira no monteSuribashi) e que fora usada para alavancar recursos para o esforço de guerra. Um famoso caso de fins que justificam os meios.

Além de resgataessa história de heroísmo e de como são fabricados os heróis,a trama revive os dias de incerteza da II guerra (e a campanha do pacífico) queculminaria, mais tarde, com o bombardeamento de Hiroshima e Nagazaki (nota: isso não está no filme).

O mais incomum é que Clint Eastwood realizou ao mesmo tempo um segundo filme, Cartas de Iwo Jima (Letters from Iwo Jima) que mostra a guerra sob o ponto de vista nipônico. A defesa de seu país com suas táticas inéditae subravura lendária. O filme recebeu 4 indicaçõeao Oscar (incluindo de melhor filme)  e ganhou na categoria melhor edição de som. Além de conquistar platéias orientais,acredito.

Não é um blockbuster mas é imperdível para quem gosta do tema.

GEOPOLÍTICA


Situação de Aprendizagem 3 - Geopolítica: O papel dos EUA e a nova “desordem” mundial

Situação de Aprendizagem 3

GEOPOLÍTICA

Situação de Aprendizagem 3 - Geopolítica: O papel dos EUA e a nova “desordem” mundial

INTRODUÇÃO

A Transição da Bipolaridade para a Multipolaridade

O que realmente mudou com o fim da Guerra Fria, da corrida armamentista, da divisão bipolar do mundo entre Estados Unidos e União Soviética, foi que essa integração ganhou dimensões nunca antes experimentadas.
Quando a Guerra Fria acabou, com a dissolução da URSS no inicio dos anos 90, os neoliberais, apregoando a vitória do capitalismo, da economia de mercado sobre o socialismo real, anunciaram o inicio de uma Nova Ordem. Esta Nova Ordem, contrapondo-se à Ordem até então estabelecida, caracterizar-se-ia não mais pela bipolaridade, pela divisão política e ideológica do globo entre duas superpotências – EUA e URSS, ou pela manutenção dos pactos e das alianças militares que garantissem a essas potências suas áreas de influencia geopolítica-estratégica. A Nova Ordem Internacional, que começava a se configurar nos anos 90, seria a ordem da globalização capitalista. Ao invés de duas superpotências, e de um mundo bipolar, um novo arranjo começava a se esboçar.
Para os neoliberais, a falência do mundo bipolar cederia lugar a um mundo multipolar, com os Estados Unidos, Japão e a União Européia como seus pólos principais. As alianças militares, gradativamente, dariamlugar aos blocos econômicos, cujo objetivo seria o da otimização da integração em escala global, e que, consequentemente, possibilitaria um maior desenvolvimento econômico mundial com base na cooperação.
Para os realistas, no entanto, sobre a Nova Ordem que está se configurando, paira uma série de duvidas e incertezas. Se for um fato que com o fim da Guerra Fria houve grandes mudanças nas relações internacionais, e também verdade que essas relações mudaram mundamentalmente quanto à forma, mas seus objetivos permaneceram inalterados, ou praticamente inalterados. Por exemplo: com o fim da Guerra Fria, vários conflitos locais perderam sua razão de ser e extinguiram-se por falta de apoio externo, contudo, outros, em diferentes escalas, eclodiram, e isso se observa do Oriente Médio à Europa. Outro exemplo é que no âmbito político internacional, não há praticamente mais lugar para a oposição política e ideológica que outrora dividia os países do globo, mas estão longe os dias do desalinhamento econômico, principalmente o dos países pobres.

Acontecimentos Que Marcaram A Passagem Da Ordem Bipolar Para Ordem Multipolar:

Do lado Socialista:
• A grande Crise econômica por que passava a URSS, sendo a um dos motivos dessa crise a permanência do modelo econômico conhecido como planificação econômica, que já não mais dava contar de desenvolver país.
• A Extrema concentração de poder nas mãos dos burocratas, que acabou por gera uma classe privilegiada, onde se verificava a presença de grande concentração de poder nas suas mão, e o surgimento de uma grande rede de corrupção.
• O bloco socialista não conseguiu repassar para a sociedade os avanços tecnológicos surgidos com os grandes investimento na industria bélica, além que o partido comunista pensava somente em investir em equipamentos militares o que acabou gerando um atraso tecnológico no campo civil, é por isso que alguns autores afirmam que a URSS conseguia mandar o homem a lua mas, no entanto, com conseguia produzir um liquidificador.
• Dentro da UNIÃO SOVIÉTICA existiam várias etnias, foi por isso que na metade da década de 80 quando Gorbatchev desenvolve a glasnost e a Perestroika surge a questão relacionada a crise de nacionalidade, onde verificou-se que as minorias passaram a reivindicar uma maior autonomia.

Do lado Capitalista:
• Avanço do capitalismo, representado pela sua fase atual conhecida como globalização, na qual, aparece uma maior dependências entre os países, ou melhor, aparece uma interdependência entre os países do mundo:
• Revolução tecno-científico-informacional, que mudou o modo de produção do mundo capitalista, pois aliou de fato as inovações tecnológicas com a produção industrial, além de aumentar a circulação de pessoas e mercadorias no espaço mundial. Essa aliança gerou o surgimento de uma nova relação tempo-espaço vivenciado a partir das inovações nos transportes e nas telecomunicações.
• Aumento da competitividade fez com que aparecesse uma nova forma de organização do espaço mundial no campo econômico e político, pois a partir de então verificaremos que uma potencia mundial terá que ter grandes empresas, e grandes investimentos em ciência e tecnologia.
• Na década de 1980 aparecem no cenário mundial, duas novas potências econômicas: Japão e Alemanha, que polarizam com os EUA o mercado consumidor mundial.

A Nova Ordem Mundial Ou Mulitpolaridade apresenta basicamente duas facetas: uma geopolítica e outra econômica.

GEOPOLITICA:
• Fim da Guerra Fria e da Bipolarização, ou seja, fim da disputa existente entre socialismo e capitalismo.
• Desaparecimento do PACTO DE VARSÓVIA, a partir de então some a aliança militar do bloco socialista, até porque estamos vivendo a derrocada do socialismo.
• Mudanças de perfil da OTAN, esse organismo passa a desenvolver novas funções, devido o fim da guerra fria e da bipolaridade.

ECONÔMICA:
• Aprofundamento do desenvolvimento do capitalismo, que apresenta novas característica produtiva.
• Globalização que é a fase atual o capitalismo onde se verifica uma interdependência entre os estados nações.
• Aparecimento de organizações entre países que ficaram conhecidas como blocos de poder, como é o caso a união européia (EU) e do NAFTA.

Pax Americana:
A corresponde a forma como o EUA ver os outros países do mundo, pois a partir da utilização da Pax americana verificamos que o governo americano deixa de respeitar a soberania dos demais estados nações, por achar que são superiores a qualquer outra civilização inclusive a européia. Um exemplo dessa Pax americana foi a Guerra do Golfo no início da década de 1990.

O pape l OTAN na nova ordem mundial
• Manter a ordem política dentro do continente europeu, Proteger os interesses econômicos das potências ocidentais;
• Manter vivo os interesses da indústria armamentista norte americana e européia;
• Reafirmar o poder militar dos estados unidos no mundo multipolar
• Conter de forma incisiva os avanços do terrorismo no continente europeu;
• Resguardar os países membros das instabilidades políticos existente no leste europeu.
• Proteger os países do continente europeu de uma possível ameaça russa
Obs: Esta organização comporta hoje países que no passado eram seus
inimigos, como por exemplo: Letônia, lituânia, Romênia, Bulgária etc.

Disputa pelo mercado:
Com o fim do comunismo, os antigos países socialistas abriram suas fronteiras e seus mercados. No ocidente, os países detentores de tecnologias avançadas, como Alemanha e Japão, já não precisavam se submeter à lógica da Guerra Fria e à liderança dos Estados Unidos. O resultado foi o início de uma feroz disputa pelo mercado mundial. Em junho de 91, os Estados Unidos lançaram uma ofensiva em seu comércio exterior com a "Iniciativa Para as Américas", um plano que pretendia criar um mercado unificado do Alasca à Terra do Fogo.

A REGIONALIZAÇÃO:

Surge em decorrência do avanço do sistema capitalista. Este estágio de desenvolvimento capitalista provocou uma mudança estrutural no comércio mundial, e para acompanhar, tais mudanças, os estadosnações tiveram que se adequar à nova forma de interação existente no mercado mundial.
Aparece um novo paradigma de produção, consumo e comercialização. Isso fez com que os países passassem a se organizar em blocos econômicos de poder, para que a partir de então conseguissem ingressar com sucesso na nova configuração econômica mundial.

O RETORNO AO LOCALISMO:

Durante a guerra fria os conflitos, mesmo de dimensão regional, como as guerras tribais na África, tinham uma conotação mundial, já que havia direta ou indiretamente influência das duas superpotências em busca de ampliar ou defender suas áreas de influência.
Hoje, como os objetivos estão mais voltados a conquista de mercados, os conflitos regionais deixam de ter uma conotação mundial, pois as potências não mais se interessam, senão por conflitos que coloquem em perigo seus interesses econômicos, a exemplo da reação imperialista contra o Iraque por ocasião da anexação do Kuwait. “A mundialização tem alimentado a retomadas dos localismos, regionalismos e nacionalismos, muitas vezes retrógrados e especialmente segregadores. Como ocorreu na segregação da Iugoslávia e na ex-união soviética”.

GLOBALIZAÇÃO:

O atual estágio do capitalismo originou uma nova maneira de conceber o mundo (globalização) que nada mais é do que uma fase de desenvolvimento do capital. Ou seja, trata-se de uma expansão que visa aumentar os mercados e, portanto, os lucros que é o que de fato move os capitais produtivos ou especulativos na arena do mercado. A globalização representa a tendência da maior integração/ou interdependência entre os países, mesmos que distantes ou diferentes uns dos outros; onde o que acontece em uma região vai influenciar nas outras, ou seja, a cada dia os países vão deixando de ser autônomos. Esse processo é comprovado pelo aumento do fluxo de mercadorias, capitais, serviços e pessoas entre as nações do globo terrestre. Neste momento da história, o mundo está marcado pela universalização da produção, do Marketing, do capital e seu mercado, pela universalização do trabalho, das finanças, e dos modelos de utilização dos recursos, bem como da cultura e dos modelos da vida social, universalizando o espaço e a sociedade tornada mundial e do homem ameaçado por uma alienação total.


A nova ordem da nova ordem mundial! 11 de setembro de 2001
O dia 11 de setembro marcou o início de uma nova era no pensamento estratégico norte-americano. Os ataques terroristas daquela manhã tiveram impacto comparável ao ataque a Pearl Harbor em sete de dezembro de 1941, que lançou os Estados Unidos para a Segunda Guerra Mundial. Antes de 11 de setembro, o governo Bush encontrava-se na fase de desenvolvimento de uma nova estratégia de segurança nacional. Isso estava sendo feito com a Análise Quadrienal da Defesa, bem como em outros cenários. Em um momento, entretanto, os ataques de 11 de setembro transformaram o ambiente de segurança internacional. Uma ameaça totalmente nova e perniciosa subitamente tornou-se realidade e ditou uma nova e importante estratégia para os Estados Unidos. Esta nova política, agora cognominada "Doutrina Bush", concentra-se na ameaça do terrorismo e das armas de destruição em massa

As fases da globalização e as Transformações do Mundo Contemporâneo

A globalização é o atual momento da expansão capitalista. Pode-se afirmar que ela está para o capitalismo
informacional assim como o colonialismo esteve para a sua etapa comercial ou o imperialismo para o final da fase industrial e início da financeira. Trata-se de uma expansão que visa aumentar os mercados e, portanto, o lucro, o que de fato ela move os capitais, tanto produtivos quanto especulativos, no mercado mundial. Esta é a razão de, com o processo de globalização, haver disseminado, com base no governo norteamericano (além do britânico) e em suas instituições por ele controladas, como FMI e o Banco Mundial, o neoliberalismo – que se contrapõe ao keynesianismo. O neoliberalismo tem objetivo de reduzir as barreiras aos fluxos globais, o que beneficia notadamente os países desenvolvidos e suas corporações multinacionais, embora alguns países emergentes, como a China, os Tigres Asiáticos, o México e o Brasil, tenham recebido investimentos produtivos e ampliando seu comércio mundial. Por esse motivo, os países em desenvolvimento têm sido pressionados, até para poderem obter novos empréstimos internacionais do FMI, adotar medidas como redução no papel do Estado na produção com a privatização de empresas estatais, abertura do mercado a produtos importados e flexibilização da legislação trabalhista. Deve ser mencionado, no entanto, que, mesmo em países desenvolvidos, as políticas neoliberais têm imposto perdas aos trabalhadores, com reformas previdenciárias e cortes nos gastos sócias, por exemplo.
A guerra no Iraque, na era da globalização a expansão capitalista é silenciosa, sutil e eficaz. Trata-se de uma “invasão” de mercadorias, capitais, serviços, informações e pessoas. As novas “armas” são a agilidade e a eficiência das comunicações, dos transportes e do processamento de informações, graças aos satélites de comunicação, a informática, aos telefones fixos e celulares, aos aparelhos de fax, aos enormes e rápidos aviões, aos super navios petroleiros e graneleiros e aos trens de alta velocidade.

Primeira fase – Data 1450-1850:

Expansionismo mercantilista A primeira globalização, resultado da procura de uma rota marítima para as Índias, assegurou o estabelecimento das primeiras feitorias comerciais européias na Índia, China e Japão, e abriu aos conquistadores europeus as terras do Novo Mundo.
Politicamente, a primeira fase da globalização se fez quase toda ela sob a proteção das monarquias absolutistas que concentram enorme poder e mobilizam os recursos econômicos, militares e burocráticos, para manterem e expandirem seus impérios coloniais. A doutrina econômica da 1ª fase foi o mercantilismo,
adotado pela maioria das monarquias européias para estimular o desenvolvimento da economia dos reinos.. Esta política levou cada reino europeu a terminarem se transformando num império comercial, tendo colônias e feitorias espalhadas pelo mundo.

Segunda fase – 1850-1950: Industrial-imperialista.

A segunda fase da globalização se caracteriza pelo processo de expansão da atividade industrial clássica. Nesse período, ocorre em alguns um forte processo de industrialização baseado na primeira Revolução Industrial que teve início no século XVIII, na Inglaterra, com a mecanização dos sistemas de produção. As
burguesias industriais, em busca de maiores lucros, menores custos e produção acelerada, buscaram alternativas para melhorar a produção de mercadorias. Também podemos apontar o crescimento populacional que trouxe maior demanda de produtos e mercadorias. Avanços da Tecnologia. O século XVIII foi marcado pelo grande salto tecnológico nos transportes e máquinas. A máquina a vapor, principalmente os gigantes teares, revolucionou o modo de produzir. Se por um lado à máquina substituiu o homem, gerando milhares de desempregados, por outro baixou o preço de mercadorias e acelerou o ritmo de produção. Na área de transportes, podemos destacar a invenção das locomotivas a vapor e os navios a vapor. Com estes meios de transportes, foi possível transportar mais mercadorias e pessoas, num tempo mais curto e com custos mais baixos. A Revolução tornou os métodos de produção mais eficientes. Os produtos passaram a ser produzido mais rapidamente, barateando o preço e estimulando o consumo. Por outro lado, aumentou as desigualdades entre os países do mundo todo, ampliando a disputa entre os países industrializados por áreas fornecedoras de matéria-prima e mercados consumidores (Divisão Internacional do Trabalho). Enraíza-se a visão imperialista-colonialista que no início do século XX levará o mundo a duas grandes guerras.

Globalização Recente – Pós 1989: Cibernética - tecnológica.

A globalização recente é caracterizada pela revolução tecnocientífica e a integração do mundo.
A rápida evolução e a popularização das tecnologias da informação (computadores, telefones e televisão) têm sido fundamentais para agilizar a produção industrial, o comércio e as transações financeiras entre os países. Em 1960, um cabo de telefone intercontinental conseguia transmitir 138 conversas ao mesmo tempo. Atualmente, com a invenção dos cabos de fibra óptica, esse número sobe para l,5 milhão. As ligações telefônicas internacionais de 3 minutos, que custavam cerca de U$ 200,00 (cada uma) em 1930, hoje em dia não ultrapassam os US$ 2,00. O número de usuários da Internet, rede mundial de computadores, duplicam a cada ano, o que faz dela o meio de comunicação que mais cresce no mundo. E o maior uso dos satélites de comunicação permite que alguns canais de televisão – como as redes de notícias CNN, BBC e MTV – realizem transmissões instantaneamente para diversos países. Tudo isso permite uma integração mundial sem precedentes. Vale destacar como forte novidade na área de tecnologia, e instrumento de integração entre as nações, a Internet. Está que já está presente nos principais países do mundo e que representa um novo ramo de mercado, o mercado virtual. Este é caracterizado por ser de alto risco e de certa forma abstrata, sendo valorizado por seu valor virtual. Como fonte de divulgação de cultura e informações diversas, a Internet é a maravilha do século XXI, pois nunca a humanidade foi tão capaz e bem servida de informações como hoje em dia. Para nós já é simples fazer uma pesquisa para a escola em sites dos Estados Unidos, teclar com estudantes franceses, discutir com os ingleses e ainda pedir auxílio a um técnico do Canadá. Isso, com certeza, foi a grande revolução tecnocientífica.
Fluxos de informações A Internet aumentou as possibilidades de acesso aos serviços (como troca de e-mails, pesquisas em bancos de dados e compra de produtos) e às informações, mudando até mesmo as concepções de tempo e espaço. Um espaço virtual se abre aos internautas (pessoas conectadas a rede) em tempo real. De um computador no México é possível pesquisar os arquivos da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova York, no Banco Mundial, em Washignton, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Rio de Janeiro, ou a mais atualizada edição da Enciclopédia Britânica; pode-se conhecer o acervo do Museu do Louvre, de Paris, do Museu Britânico, de Londres, ou do Museu de Arte de São Paulo (Masp); comprar livros na Amazon Book ou na Livraria Cultura; copiar livros virtuais ou músicas em MP3 e se comunicar com diversas pessoas pelo MSN, Orkut, etc.




Situação de Aprendizagem 4

OS DESERDADOS DA NOVA ORDEM MUNDIAL

Situação de Aprendizagem 4 - Os deserdados na nova ordem mundial: As perspectivas de ordem mundial solidária

Introdução

Ainda são poucos os que têm acesso às informações disponíveis na rede. Segundo o Relatório World development indicators 2006, do Banco Mundial, em 2004 cerca de 890 milhões de pessoas estavam conectadas à Internet. É uma quantidade enorme de usuários, mas esse número corresponde apenas a 14% da população mundial, a maioria dos internautas está fortemente concentrada em países desenvolvidos e em alguns países emergentes. Os Estados Unidos é o país que possui mais pessoas conectadas à Internet em termos absolutos, com 185 milhões de internautas, mas também é um dos países mais representativos em termos relativos: 63% de sua população são usuários da rede. A Nova Zelândia é o país possui mais pessoas conectadas em termos relativos: 79% de sua população são usuários da Internet. A China e a Índia, apesar do índice relativo de conexão, têm um grande número de internautas devido às suas enormes populações. Em menor escala, isso também acontece com o Brasil.
Fluxos de capitais especulativos Outra invasão típica da globalização é a dos capitais especulativos de curto prazo, conhecidos como smart Money (“dinheiro esperto”) ou hot money (“dinheiro quente”), que, ávidos por lucratividade, movimentam-se com grande rapidez pelo sistema financeiro on-line.
Não se sabe ao certo o montante, mas estima-se que o fluxo mundial de capitais especulativos seja 1,5 trilhões de dólares por dia, investidos nas várias modalidades de especulação financeira. Essa vultosa soma – que, em geral, pertence a milhões de pequenos poupadores espalhados pelos países desenvolvidos, os quais deixam seus recursos num banco ou os investem num fundo de pensão, para garantir suas aposentadorias – é transferida de um mercado para outro, de um país para outro, sempre em busca das mais altas taxas de juros ou de maior segurança. Os administradores desses capitais – como bancos de investimentos, corretoras, fundo de pensão etc.– em sua maioria não estão interessados em investir na produção, cujo retorno é demorado, mas em especular: realizar investimentos de curto prazo nos mercados mais rentáveis. Os fundos de pensão, entretanto, também investem na produção.
Quando algum mercado se torna instável ou menos atraente aos investidores, esses capitais são rapidamente transferidos, e os países entram em crise financeira.

Fluxos de capitais produtivos

A entrada dos capitais produtivos é a mais demorada porque são investimentos de longo prazo, por isso menos suscetíveis às oscilações repentinas do mercado. Esses capitais são aplicados num território em busca de lucros, que podem ser resultantes de custo menores de produção, baixos custos dos transportes ou dos fretes, proximidade dos mercados consumidores e facilidades em driblar barreiras protecionistas.
Todos esses fatores permitem a expansão dos mercados para capitais, gerando, portanto, maiores lucros.
Há outra faceta, mais visível e mais antiga da globalização, que é a “invasão” de mercadorias em quase todos os países. Com a intensificação dos fluxos comerciais no mundo, produtos são transportados por enormes navios, trens, caminhões e aviões, que circulam por uma moderna e intrincada rede que cobre as grandes extensões da superfície terrestre, sobretudo nos países desenvolvidos e emergentes. Há, assim, uma globalização do consumo, com a intensificação do comércio, resultante da globalização da produção.
A expansão de multinacionais Superada a destruição provocada pela Segunda Guerra, a economia mundial voltou a crescer num ritmo mais acelerado. Dentro desse quadro de grande prosperidade, as empresas dos países industrializados assumiram proporções ainda maiores que na época dos trustes. Tornaram-se industrializados assumiram proporções ainda maiores do que na época dos trustes. Tornaram-se grandes conglomerados e se expandiram pelo mundo, ultrapassando as fronteiras dos países em que se desenvolveram, nos quais estão as matrizes, transformaram-se em empresas multinacionais e se encarregaram de globalizar, gradativamente, não somente a produção, mas também o consumo. Construíram filiais em vários países, principalmente nos subdesenvolvidos, que, ao se industrializarem, passaram a serem chamados países emergentes, modificando a tradicional divisão do trabalho. Hoje, dado seu elevado grau de internacionalização, são conhecidas como multinacionais e são as principais responsáveis pela mundialização dos capitais produtivos.
Embora não se conheça exatamente o volume dos capitais especulativos que circulam diariamente pelo sistema financeiro mundial, sabemos que concentram-se em poucos lugares no mundo – mais uma evidência de que os fluxos da globalização atingem desigualmente o espaço geográfico mundial. A maior parte dos capitais é investida em apenas alguns países.
Paralelamente a globalização da produção e do consumo, ocorre a intensificação do fluxo de viajantes pelo mundo (a negocio, a turismo ou imigrando) acompanhada de uma “invasão” cultural, constituída pelo menos em sua forma hegemônica, de uma cultura de massas que se originam, sobretudo nos Estados Unidos, a nação mais poderosa e influente no planeta. O American way of life (o “modo norteamericano de vida”) é difundido, por exemplo, pelos filmes de Hollywood e pelas séries produzidas por estúdios cinematográficos ou canais de televisão pelas notícias da CNN (Cable News Network, principal rede de notícias norte- americana sediada em Atlanta), pelas cadeias de fast food, como a McDonald’s.

Globalização Migração E Xenofobia:

A globalização provoca varias reações contrárias, e um caso que se tornou muito divulgado na mídia mundial nos anos 90 foi a reação tomada pela população européia, em especial a população alemã e francesa, que se viram ameaçada pelo grande contingente populacional, que adentraram em seu território em virtude do processo de globalização. Com a interligação dos mercados e uma maior circulação de pessoas, ficou mais fácil migrar de países periféricos para os países centrais do capitalismo. No caso da Europa, Alemanha e França, foram os dois países que mais sentiram o fluxo migratório, porém a população local não aceita essa entrada de imigrantes, muitos ilegais, em seu país, o que ocasiona o aparecimento de uma crescente xenofobia a esses imigrantes.

O Unilateralismo (militar) do EUA

O mundo passou a ver uma nova forma de poder exercida pela maior potencia econômica militar e política do final do século XX. Os EUA passaram a ditar as regras do jogo político, através do seu unilateralismo, que acabou dando ao mundo, uma nova ordenação política, pois a partir da desintegração da URSS, ele (EUA) demonstrou quem realmente iria tomar conta do mundo.
Nos anos 90, os EUA interviram em varias regiões do mundo, principalmente no oriente médio e na região dos Bálcãs na Europa.
Porém, essas intervenções não poderiam se fazer caso eles não detivessem o maior poderio bélico do mundo.
O unilateralismo dos EUA ocasionou a intervenção nos Bálcãs, e no,oriente médio, no Iraque, a ONU através do seu conselho de segurança vetou uma eventual intervenção militar, no entanto, os EUA passaram por cima da ONU, e através da OTAN lideraram uma intervenção militar, que para muitos se tratou apenas de uma demonstração de poder dos EUA ao mundo e em especial ao continente europeu.

Nacionalismo – Minorias Étnicas E Separatístmo

Com o fim da guerra fria, o mundo aprendeu a conviver com os mais variados conflitos. A ONU, órgão encarregado de zelar pela paz no mundo, conta com 54 missões de paz em regiões afetadas por guerra ou em via de pacificação. Assumiu também a administração da província do Kosovo, os preparativos para a independência do Timor Leste e os acordos para o novo governo do Afeganistão, últimas regiões a sofrer violentos combates que resultaram em milhares de mortos.
Guerras entre Estados-nações, guerras civis (dentro de um mesmo país), guerrilhas, ocupações de territórios à força e movimentos separatistas dentro de Estados-nações acontecem em todos os continentes, na atualidade, à exceção da Oceania. Disputa de territórios, soberania do Estado Nacional, questões de fronteiras, recursos minerais, rivalidades étnicas e até mesmo a água constituem os principais motivos dos conflitos da globalização.
É também muito comum grupos separatistas tentarem chamar a atenção do mundo para seus problemas através de atos terroristas. Esse tipo de atentado acaba por tornar esses grupos pouco simpáticos perante a opinião pública. Entre as mais antigas e ativas organizações ligadas ao terrorismo estão o ETA e o IRA, ambas na Europa.

Quem são os fefugiados?

- São vítimas da decomposição social, territorial e nacional dos países do cen¬tro da África e do oeste, onde se situa Ruanda, e das guerras que surgem em conseqüência;
- São vítimas da instabilidade do Oriente Médio, e da atual guerra no Iraque;
- São vítimas da guerra civil na antiga Yugoslávia (Bósnia - Herzegovina, Ko¬sovo, por exemplo), produto da desa¬gregação do socialismo;
- São vítimas ainda da Guerra do Vietnã
- Fundamentalmente ocorrem em (ou entre) países frágeis em termos econômicos;
- Países com dificuldades de se adaptar às novas condições da ordem mundial;
- Países com dificuldades de se adaptar às novas condições da ordem mundial;
- Países que se tornam espaços frágeis, sem controle do Estado, sem que essa exerça suas funções;
- Países em que a miséria se desenvolve, e que ficam muito mais vulneráveis a catástrofes naturais, como secas e inundações;
- São conflitos marcados pela decomposição, pela intensificação dos ódios étnicos, que acabam gerando massacres pavorosos, ações de extermínio, como ocorreu em Ruanda;
- São guerras acompanhadas por fuga maciça de populações, em geral camponesas, aldeãs, como no caso de Beah;
- Fogem para países vizinhos e são insta¬lados em campos de refugiados;
- Passam a ser assistidos por instituições de caráter global, ONU, Cruz Vermelha, ONOs diversas, e por esse caminho in¬gressam como párias na ordem mundial
Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados – ACNUR
O Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR), com sede em Genebra, Suíça, foi criado em 1950 pela Assembléia Geral das Nações Unidas com o intuito precípuo de proteger os refugiados e promover soluções duradouras para sanar os problemas que os rodeiam. A função básica do ACNUR é oferecer proteção àqueles que estão na condição de refugiado.
O ACNUR, no exercício de suas competências, trabalha pela efetividade do direito de asilo, fazendo com que aqueles que estão na situação de refugiado possam gozar desse direito. O órgão prima pelo cumprimento do Direito Internacional, como espécie de agente fiscalizador, e promove acordos na área relativa ao Direito Internacional dos Refugiados. Afora isto, proporciona ajuda material direta (alimentos, água, suprimentos médicos, acomodações) bem como trabalha pela reestruturação da condição jurídica daqueles que estão em situação análoga à de refugiados, como os apátridas e deslocados internos. Esse trabalho encontra suporte nas resoluções discutidas e elaboradas pelo Comitê Executivo do ACNUR que, juntamente com a Assembléia Geral das Nações Unidas e outras organizações internacionais, governamentais ou não, não têm medido esforços para reconstruir e salvar vidas.
O Direito de asilo é positivado e garantido na Declaração Universal de Direitos Humanos, em seu artigo 14. A obrigação de proteger os refugiados e conceder-lhes o Direito de asilo, fazendo-o efetivo, advém dos princípios de Direito Internacional e de outros documentos internacionais, a fim de garantir este que é o corolário do Direito Internacional dos Refugiados. Além disso, é competente o ACNUR para zelar pelo cumprimento desse direito. Contudo, há muitos entraves à sua plena efetividade.
Os problemas continuam. Alguns Estados, que teriam condição de receber um maior número de refugiados, não o fazem, não concedendo o direito de asilo, ou o fazem parcialmente, pois concedem o status de refugiado, mas não oferecem reais condições de permanência no país, o que fora garantido pela Convenção de 1951 sobre o Estatuto dos Refugiados. Outros Estados, em zonas de conflito, tendem a receber um número maior de refugiados do que poderiam, o que, aliado à sua parca estrutura, acaba trazendo problemas de ordem social aos seus próprios nacionais. Sendo assim, o comitê, invocando a cooperação internacional, propõe-se a discutir meios de monitorar a implementação do Direito de Asilo e de como tornar esse direito humano realmente efetivo.
Quem Perde E Quem Ganha Com Esses Conflitos
Os confrontos dispersos pelo mundo fazem milhões de vitimas, sem contar os refugiados, pessoas que fogem da violência, o número de refugiados vem crescendo progressivamente desde as últimas décadas do século XX , que em 1995 já chegava a 27 milhões de pessoas. Nas diversas regiões do globo alguns povos se destacam , como no Oriente Médio ( curdos, palestinos e afegões), na Ásia Meridional ( indianos e paquistaneses ), na região dos Bálcãs ( refugiados das repúblicas da ex-Iugoslávia ) e na África Negra ( Ruanda, Sudão, Etiópia, Somália, Serra Leoa, etc.). Mas há também quem sai ganhando com tantos conflitos. As vendas de armas aumentaram 8% no ano passado ( 2000 ), chegando a 37 bilhões de dólares, confirmando a condição dos EUA como o maior fornecedor de armas ( US$ 26 bilhões ) para o mundo, principalmente para os países em desenvolvimento, na sequência os maiores fornecedores são, EUA, Rússia, França, Alemanha, Inglaterra, China e Itália.
Edição 2010

sábado, 27 de abril de 2013

Aula 1ª Série E.M- Geopolítica: o papel dos Estados Unidos e a nova "desordem" mundial


Geopolítica: o papel dos Estados Unidos e a nova "desordem" mundial

Num mundo que se globaliza cada vez mais, o termo Geopolítica também é utilizado muito mais. Mas o que há por trás desse vocábulo, que funde o prefixo geo com a palavra política? Será uma mistura de geografia e política? A Geopolítica não é a política normal, pois essa somente é praticável nos limites territo­riais de um país e de uma sociedade. A Geopolítica se refere, principalmente, à ação que coloca em contato Estados nacionais territoriais (países) entre si. Por seu intermédio, tanto se constroem acordos econômicos e de cooperação, como se realizam ações estratégicas em busca de vanta­gens econômicas e territoriais, como celebra-se a paz em tratados interna­cionais ou se faz guerra também.
Tantos são os países (Estados nacionais territoriais) no mundo, quanto são os inte­resses que não se harmonizam. A lógica de construção de interesses de um país A não se harmoniza necessariamente com os interesses do seu vizinho B. O funcionamento interno de um país, de uma sociedade nacional, não tem como objetivo criar interesses comuns com outros países. Em geral, mal se conseguem criar interesses comuns internamente a um país.
Apesar de serem mundos próprios, com pers­pectivas únicas, desde há muito tempo os países vêm se abrindo para as relações. Aliás, muitos devem sua própria fundação e existência às rela­ções com outros países. Não será esse o caso do próprio Brasil? Assim, criou-se historicamente uma teia, uma malha de relações internacionais,dotada de alguma ordem, que, por vezes, pode ser vista como um sistema. Eis algumas caracte­rísticas elementares dessas relações:
sempre se caracterizaram pela desi­gualdade, com alguns países levando maiores vantagens econômicas, esta­belecendo os parâmetros das relações, subordinando os mais frágeis;
sempre resultaram de negociações difíceis, pois poucas vezes as relações internacionais encontram apoio das sociedades. Exemplo: se importar bens industriais de outros países, sem maio­res restrições, prejudica os produtores do país, por isso é necessário impor restri­ções, impostos ou proibições parciais;
> os conflitos de interesses econômicos entre países, nessa "arena internacio­nal", estiveram entre os motivos prin­cipais de várias guerras, inclusive as chamadas guerras mundiais;
> com o desenvolvimento dos meios de transportes e meios de comunicação, as distâncias geográficas vêm sendo mais bem controladas, aumentando o potencial de relações econômicas, sociais e culturais entre os países. Quer dizer: mais interesses nacionais diferen­tes entram em contato.
Quer dizer então que estamos aumentando para a humanidade (representada em várias sociedades nacionais diferentes) o risco da ampliação de conflitos? Duas respostas po­dem ser dadas a essa questão:
1.Não é bem assim, porque entre os diversos e diferentes interesses nacionais, há sempre a vantagem econômica e cultural de esta­belecer um relacionamento. Há o interes­se em se relacionar. São raros os Estados nacionais e as sociedades que optam pelo isolamento;
2. E há também países poderosos que têm for­ça para influenciar a criação de uma certa ordem nessas relações. Essa força é traduzida numa expressão muita utilizada quan­do se fala na Geopolítica internacional: potência ou mesmo superpotência. Por isso, pode-se falar em ordem mundial ou, então, velha ordem mundial, nova ordem mundial, "desordem" mundial etc. Alguns chegam a falar em sistema mundial.
A natureza das ações que constroem, que sustentam, que desagregam essa(s) ordem(ns) mundial(ais), ou o sistema mundial, é dada pela Geopolítica.
Existe uma ordem mundial contemporâ­nea possível de ser descrita? Existe, e nela os EUA são um país que tem um papel-chave. E sem o entendimento do que é geopolítica, Estado nacional, potência e superpotên­cia e sem conhecer um pouco da história da construção desse poder dos EUA, essa ordem mundial não será compreensível.
Vamos começar a partir de um conflito contemporâneo ao qual todos estão fartamente expostos. Nada é tão presente nos meios de comunicação: trata-se da invasão do Iraque pelos EUA e o apoio da Inglaterra para derrubar o presidente Saddam Hussein. Isso aconteceu em 2003 e todas suas conseqüências ainda estão em andamento, com a permanência de tropas americanas naquele país. Não houve, nos últimos tempos, nada que te­nha tido mais espaço nos meios de comunicação que os eventos associados ao atentado terroris­ta que os EUA sofreram em 11 de setembro de 2001, e a invasão do Iraque é um deles.
Algo interessa muito para a discussão so­bre o que é Geopolítica nesse caso:Como se deu a decisão de invadir o Iraque pelos EUA?
Existe uma entidade internacio­nal chamada Organização das Nações Unidas (ONU) instituição de caráter multinacional fundada logo após o término da II Guerra Mundial. Uma das funções desse organismo é tentar resolver conflitos internacionais. Embora sua ação contemporânea tenha se diversificado, é uma instituição que atua na solução de conflitos, para evitar horrores como os que a II Guerra Mundial impôs ao mundo.
A questão da invasão do Iraque pelos EUA foi discutida na ONU e o mundo teve a oportunidade de acompanhar ao vivo várias das sessões em que os diversos representantes das nações apresentavam suas posições. Houve votação e não se aprovou a invasão do Iraque. Mas essa invasão se deu no ano de 2003. Um ano antes, os EUA haviam invadido o Afeganistão, país localizado na Ásia e bastante distante dos Estados Unidos. São mundos afastados, mas que não impede a ação militar dos Estados Unidos, o que demonstra a força militar norte-americana.
Por que, num prazo tão curto, os EUA invadiram militarmente o Afeganistão e o Iraque? Isso teria alguma relação com o atentado terrorista em Nova York, em 11 de setembro de 2001, quando dois aviões foram arremessa­dos contra dois prédios imensos dessa cidade (World Trade Center)? Esses acontecimentos foram fartamente noticiados e se deram no governo Bush; o atentado terrorista foi a principal razão alegada para os ataques ao Afeganistão e ao Iraque porque os EUA atribuíram aos dirigentes desses países cumplicidade com o grupo terrorista que atacou Nova Iorque, que era o grupo do árabe Osama Bin Laden.
Antes da invasão do Iraque, o que os EUA defendiam? Por que argumenta­vam a favor da invasão do Iraque? A questão do Iraque ganhou mais um elemento, além da cumplicidade com os grupos terroristas, os EUA alegavam também que o Iraque estaria produzindo armas de destruição em massa, visando a ataques contra alvos do mundo ocidental (por isso buscavam apoio na ONU)
A ONU aprovou a invasão? Todos estavam de acordo com os EUA? Não somente a ONU não aprovou a invasão, como também não se comprovou que o Iraque possuía armas de destruição em massa e, por essa razão, a maior parte dos países com direito a voto nas sessões da ONU não aprovou a posição dos EUA, o que não foi suficiente para impedir que os EUA realizassem as ações de invasão.
No Conselho de Se­gurança da ONU, os EUA se empenha­ram em demonstrar que o Iraque havia apoiado o atentado terrorista e que, em seu território, Saddam Hussein estava produzindo armas de destruição em massa. Os EUA não obtiveram suces­so em convencer boa parte dos países. Suas propostas saíram derrotadas. A invasão do Iraque não foi aprovada pela ONU e, mesmo assim, os EUA invadiram o Iraque. Por que os EUA desrespeitaram àquela decisão? Aqui é o momento de, com ênfase, destacar que, nessa resposta, se es­conde a essência da Geopolítica.

Potências, superpotências e ordem mundial
Vamos ler o seguinte texto:


Espaço é poder
Regina Célia Bega dos Santos
A palavra Geopolítica começou a ser utili­zada no final do século XIX. Era uma referên­cia à ação do Estado territorial. Defendia-se, à época, que, assim como as espécies animais e vegetais, os seres humanos dependem de ter­ritório para sua existência. E que há, natural­mente, uma competição por esse espaço vital para nossas vidas. Uma luta, na verdade, que vence aquele grupo que tiver mais poder.
Esse pensamento disseminou-se na Alemanha e também nos EUA, ainda no final do Século XIX. Quem tem mais poder, quem for uma potência maior, incorpora mais território ao seu controle. E ter muito espaço é poder.
A derrota na Primeira Grande Guerra fortaleceu o entendimento de que a Alema­nha só teria poder se arregimentasse mais territórios (pan-germanismo). Esse raciocí­nio alimentou as ações de Hitler na Segunda Guerra Mundial.
Depois de muita destruição de vidas hu­manas e recursos materiais, a Alemanha foi derrotada, e os Estados Unidos se firmaram como grande potência, uma superpotência, capaz de criar e influenciar uma nova ordem mundial. Mas não será nesse momento a úni­ca superpotência. Da mesma guerra, surgiu um vitorioso concorrente. A União das Repúbiicas Socialistas Soviéticas (URSS), um poderoso Estado territorial, que já não existe mais atualmente.
A visão de que espaço é poder, uma das faces da Geopolítica, esteve sempre presente nesses imensos conflitos que definiram a for­ma do sistema mundial depois da Segunda Guerra. De alguma maneira, esse ponto de vista permanece presente.


O conceito de potência (e de superpotên­cia) mostra-se decisivo no entendimento do sistema mundial. É uma referência à Nova Ordem Mundial, já que as potências e as superpotências são as grandes criadoras dessa ordem e, no caso do final da II Guerra Mundial, os agentes fundamentais são os EUA e a URSS. Não há referência possí­vel à ordem mundial sem que se mencionem quais as principais forças, os principais agen­tes. Vale lembrar: as ordens mundiais sempre foram desiguais, nem todos os países envolvi­dos tinham a mesma força. E a palavra força associa-se a potência.
O que caracteriza um país como potência? De onde vem a força de um país, para lhe permitir ser uma potência que influencie a ordem mundial? Força econômica? Força militar? Força cultural? Rede de relações (força para expandir suas relações geograficamente)?
Sem dúvida essas quatro características se complementam, mas podem ser pensadas se­paradamente. Por exemplo, a URSS tinha for­ça militar e alguma força econômica, rede de relações restrita e influência cultural restrita à questão política (propaganda do socialismo). O militar predominava. Já no caso dos EUA, as quatro características são bem marcadas e, por isso, esse país é uma superpotência.
A rede de relações – força para expandir suas relações geograficamente – interessa muito em ra­zão de seu caráter geográfico, porque expres­sa o controle do espaço na escala mundial por parte da potência ou superpotência. Quanto mais investir em meios de superar a distân­cia geográfica, mais um país fará seus produ­tos, sua cultura e sua força chegarem a vários pontos do planeta. Sem essa capacidade, um país não pode ser chamado de potência, pois não será um ator importante na formação da ordem mundial. Por isso, a força geográfica ou força espacial é mais importante e colocada em primeiro plano. Isso vai aju­dar a entender a ordem mundial e perceber o papel da Geopolítica.
Observe o mapa “A bipolaridade e a ordem westfaliana – 1950-1980” nas páginas 32 e 33 do caderno do aluno. A área de influência da URSS era bem restrita e era designada como Cortina de Ferro. A característica de relacionamento de uma super­potência é ser aberta, sem restrições e um muro, como o muro de Berlim, também ser­viu para fechar as negociações desse mundo sob controle da URSS.
Alguns Estados nacionais e territoriais têm o mundo como sua extensão, graças a seu peso financeiro/econômico e militar e às suas redes de relações, que significa que eles influenciam os demais. O quadro “Atuais potências mundiais e suas características”, na página 34 do caderno do aluno, localiza esses agentes mais poderosos da ordem mundial: Estados Unidos, Japão, Alemanha, Inglaterra, entre outros.
O Brasil foi colocado no quadro para que se tenha idéia do peso de nos­so país. Talvez não se possa considerá-lo uma potência, mas não deixa de ser um ator na formação da ordem mundial, um ator intermediário, coadjuvante. Esse quadro pode receber outros participantes, o que importa é a idéia de agentes mais poderosos e outros mais frágeis na organização do sistema mun­dial. E nesse caso, o peso dos EUA é signifi­cativo como uma e única superpotência.
Considerando a ordem mundial, estrutura­da, antes de tudo, pelas potências que têm a capacidade de fazer existir um mundo, e não um conjunto de sociedades territoriais isola­das, ainda pode-se acrescentar alguns comen­tários para reflexão:
As potências disputam terreno e espa­ço, como era claro na ordem mundial cujas colunas básicas eram EUA e URSS (após a Segunda Guerra até o final dos anos 1980);
Seus acordos e enfrentamentos manti­veram certo equilíbrio no planeta, no sistema mundial, mas não impedi­ram múltiplas guerras locais e conflitos regionais, que vêm sangrando várias sociedades do planeta;
Na presente ordem mundial, acres­centa-se à força dos Estados nacionais territoriais aquela das grandes corpo­rações econômicas (sistema produtivo, financeiro, serviços) que faz, também, uma espécie de "geopolítica". Soma-se também a força das instituições religio­sas, de larga difusão, e ideológicas (essa última enfraquecida com a decadência do mundo socialista).
A ação da única superpotência, das outras potências e dos países com margem de mano­bra mais restrita, nesta ordem mundial, não é orientada pela política convencional e sim pela Geopolítica.

Definindo a geopolítica: a vocação geopolítica do EUA
Vamos lembrar um fato discutido an­teriormente: a questão da invasão do Iraque pelos EUA.
Antes de invadir o Iraque, os EUA ten­taram uma aprovação, um apoio, da ONU. Não conseguiram. Mesmo assim, ocuparam aquele país do Oriente Médio, e ainda estão lá. Como pode ser julgada essa atitude dos americanos que, mesmo perdendo uma vota­ção, não a respeitaram? Por que agir contra a vontade de uma maioria? O que faz com que o governo americano, o congresso americano, sua população, enfim, decida pela guerra, se outros países aliados, inclusive, são contra?
A resposta seria: a lógica geopolítica. O Es­tado nacional e territorial dos EUA (a socie­dade americana) tem seus motivos, e somente seus motivos são levados em consideração. Seus interesses são a única referência, e não os interesses da humanidade, os interesses de um bem comum, diferentemente da política inter­na de sua própria sociedade (preocupada com sua população).
Política é fácil de definir. Em nosso país, reclamamos muito da qualidade da vida política, dos partidos polí­ticos e de nossos representantes. Do que, em resumo, nos queixamos? Que os políticos de­fendem apenas seus interesses, e não um bem comum.Quer dizer: parece-se com a geopolíti­ca, porque entendemos que há um bem comum a zelar no Brasil.
Pois bem, na arena internacional, um país atua apenas em prol de seus interesses, e é isso que suas populações acham. E na defesa de seus interesses soberanos, se for preciso faz-se a guerra: isso é a Geopolítica. Uma política de defesa de interesses únicos, que não tem como referência um bem comum, que afinal, não existe num mundo dividido.
Por essa razão, a superpotência mais pode­rosa, os EUA, opera sem considerar outros in­teresses, outras opiniões, embora seja bom ter apoios. Invadir o Iraque foi considerado uma ação de segurança nacional de um país sobe­rano, e seria obrigação do governo fazer isso e não se submeter a uma decisão da ONU. Esse é discurso da Geopolítica, e é esse modo de pensar que comanda as relações internacio­nais de todos os países.
A condição dos EUA, de grande superpo­tência contemporânea, pode ser argumentada tendo em vista seu desenvolvimento econômico e sua participação vitoriosa nos grandes con­flitos do século XX. Mas não seria equívoco enxergar na história desse país, desde sua inde­pendência da Grã-Bretanha até sua consolida­ção como Estado nacional territorial, uma vo­cação geopolítica para grandes e ousadas ações internacionais. O texto “A vocação geopolítica dos EUA”, nas páginas 36 e 37 do caderno do aluno, exemplifica isso.
Há uma naturalidade com a qual o desembaraço geopolítico dos EUA se realiza. Uma sugestão de reflexão se refere à presença, nas várias línguas, de uma designação incrível: os americanos dos EUA têm o monopólio da palavra "americano", e somente eles são ameri­canos, embora seu país não se chame América (eles gostam de dizer que é esse o nome) e sim Estados Unidos da América. Nós brasileiros, por exemplo, somos eventualmente chamados de sul-americanos, mas apenas para ressaltar nossa origem continental, mas nossa identi­dade nacional é brasileira, e dos americanos? Americanos. Essa pró­pria forma de designar a nacionalidade deles, é um indicativo de sua ação de potência, que estende seus interesses para além de seus limites territoriais.

A geopolítica dos EUA chega à escala mundial
A ordem mundial resultante da Segunda Guerra foi marcada pela liderança de duas superpotências: EUA e URSS. A rivalidade entre elas se expressava como um confronto entre o capitalismo e o socialismo. O mundo era marcado pela grande desigualdade entre as potências e os outros países, algo que ain­da permanece. Nesse período, os avanços da URSS na Europa do Leste, fi­zeram com que o governo dos EUA traçasse novas linhas de sua geopolítica externa, o que ficou conhecido como a Doutrina Truman.
Segundo essa linha geopolítica, os EUA deviam assumir a liderança na defesa intransigente do Ocidente, da democracia e do capi­talismo contra o comunismo. Agora, a escala mundial era a extensão territorial para a ação americana em defesa de seu poder e de seus interesses. A força militar de ambas as super­potências equilibrava-se com base em arma­mentos nucleares capazes de uma destruição total do planeta. E era sobre essa estrutura, esse equilíbrio da destruição, que a ordem mundial se mantinha naquele período.
Esse equilíbrio perdurou até a queda do muro de Berlim e da desintegração da URSS, marcos do fim de uma era, em que a burocracia e o incrível autoritarismo do Estado puseram fim ao socialismo. A partir da década de 1990, uma ordem mundial capitalista reina isolada­mente, ancorada na superpotência americana e nas outras, também muito importantes.
Em 11 de setembro de 2001, porém, um atentado terrorista em Nova York atingiu a superpotência e veio perturbar a ordem mun­dial. Foi nesse contexto que os EUA invadi­ram e derrubaram os governos do Afeganis­tão e o do Iraque, numa clara demonstração do poderio de sua força militar e de sua força geográfica, que se expressa pela capacidade de atuar em qualquer parte do mundo.
O texto “A doutrina Bush e a síndrome do 11 de setembro”, nas páginas 39 e 40 do caderno do aluno, busca interpretar o atual estágio da ação geopolítica dos EUA, referente às novas políticas a ser implementadas no Oriente Médio, a chamada Doutrina Bush, que caracteriza as políticas de relações exteriores como geopolítica, que pensa em ações e conquistas estratégicas, e tem como argumento mais forte, justamente, a força militar.

4. Os deserdados na Nova Ordem Mundial: as perspectivas de ordem mundial solidária

O sistema mundial, moldado pela força das potências e por seus interesses, permite equilíbrio e funcionamento nas relações interna­cionais, mas gera uma profusão (grande quantidade) de terríveis efeitos colaterais.
Muitos Estados nacionais territoriais re­centes, surgidos da descolonização (liberta­dos de uma ordem colonial que os oprimia) se inserem apenas marginalmente nessa nova ordem e, condenados ao isolamento, tendem a se desagregar, a se decompor. Freqüentemente são vitimados por terríveis conflitos regionais e internos, cujo índice de mortandade encon­tra-se entre os mais terríveis da humanidade, como nos exemplos recentes de Ruanda e Ser­ra Leoa, no continente africano. Desde a Se­gunda Guerra Mundial, 20 milhões de pessoas morreram nesses conflitos regionais.
            Outros países ainda procuram se erguer e se reorganizar após terem sido vítimas de guerras terríveis, que regionalizavam o confronto entre as superpotências na ordem mundial anterior. Esse é o caso do Vietnã, país vitimado por uma guerra horrível com os EUA. Guerra, aliás, que serviu para diminuir, na época, o desembaraço da ação geopolítica americana em vista da der­rota dos Estados Unidos. Esse é o caso também do Afeganistão, invadido pela URSS nos anos 1980. Outro caso a ser notado é a terrível guerra entre Irã e Iraque, estimulada pelas potências do mundo ocidental (EUA à frente), que ar­maram e tornaram poderoso Saddam Hussein, o mesmo que recentemente ameaçava a paz mundial, segundo a alegação dos EUA. Outros exemplos podem ser lembrados, e muitos ainda estão sangrando a despeito do equilíbrio "civi­lizado" que mantém a ordem mundial. Uma or­dem mundial que tem vários deserdados.
No mundo atual, há paz? Afinal, as guerras mundiais terminaram? No interior da ordem mundial, temos pontos graves de crise, que se expressam por conflitos regionais, por decomposição violen­ta de alguns países. Não é difícil chegar a esse quadro dos conflitos, em vista da profusão de in­formações que nos é disponível, embora alguns conflitos, conforme sua localização, são conde­nados à indiferença do mundo, como o caso da recente Guerra Civil em Serra Leoa, na África. Alguns conflitos regionais são tratados como assuntos de menor importância, numa ordem mundial dominada por interesses que não são de todos. Serra Leoa está localizada no oeste do continente africano. A lógica da desagregação territorial de um país recém saí­do do jugo (situação de submissão por meio de violência) colonial e abandonado pelo sistema mundial está revelado num livro extraordinário e chocante de Ishmael Beah, Muito longe de casa: memórias de um menino-soldado. Vamos ler um pequeno texto explicativo sobre o livro, na página 45 no caderno do aluno.
Na história de Ishmael Beah são encontra­das várias das características das guerras regionais que infelicitam alguns povos do mundo:
Fundamentalmente ocorrem em (ou en­tre) países frágeis em termos econômicos;
- Países com dificuldades de se adaptar às novas condições da ordem mundial;
- Países que se tornam espaços frágeis, sem controle do Estado, sem que essa exerça suas funções;
- Países em que a miséria se desenvolve, e que ficam muito mais vulneráveis a catás­trofes naturais, como secas e inundações;
- São conflitos marcados pela decom­posição, pela intensificação dos ódios étnicos, que acabam gerando massacres pavorosos, ações de extermínio, como ocorreu em Ruanda;
- São guerras acompanhadas por fuga maciça de populações, em geral cam­ponesas, aldeãs (habitante de aldeias), como no caso de Beah;
Fogem para países vizinhos e são insta­lados em campos de refugiados;
- Passam a ser assistidos por instituições de caráter global (ONU, Cruz Vermelha, ONGs diversas) e por esse caminho in­gressam como párias (fora do sistema, que não faz seu papel social, não faz parte) na ordem mundial.

Os deserdados da ordem mundial: o drama dos refugiados
Observe o mapa “Principais fluxos de refugiados e deslocados, situação final de2005”, na página 43 do caderno do aluno. É um mapa de fluxos, cujo recurso gráfico são setas que indicam dire­ções (ponto de partida e ponto de che­gada). Elas têm espessuras diferen­tes e cores diferentes. Evidentemente, aos nos­sos olhos, as setas mais largas e mais escuras indicam os maiores fluxos e sua localização.
O mapa responde às duas questões básicas:
1. Em que lugar se situa um fluxo de refu­giados e qual sua quantidade?
2. Quais os maiores fluxos de refugiados e suas princi­pais direções?
O centro do continente africano, o Oriente Médio e a Europa do Leste são os principais pontos de fluxos de refugiados; há também um ponto importante na região do sudeste da Ásia (antiga Indochina, onde se encontra o atual Vietnã, Camboja, Laos etc.).
A tendência dos refugiados é se dirigir às regiões imediatamente vizinhas, mas há também a existência minoritária de fluxos de refugiados percorrendo grandes distâncias, até os EUA, por exemplo (normalmente refugiados europeus e do Oriente Médio).
Os refugiados africanos vão para os países vizinhos e apenas uma minoria conse­gue fugir para a Europa. Esses refugiados são: vítimas da decomposição social, territorial e nacional dos países do cen­tro da África e do oeste (Ruanda, por exemplo) e das guerras que surgem em conseqüência dessa decomposição; vítimas da instabilidade do Oriente Médio, e da atual guerra no Iraque; vítimas da guerra civil na antiga Iugoslávia (Bósnia-Herzegovina, Kosovo, por exemplo), produto da desa­gregação do socialismo e; vítimas ainda da Guerra do Vietnã e da instabilidade que ainda reina na­quela região.

O enfraquecimento da geopolítica - as chances de uma nova ordem mundial solidária
Os EUA já contaram com mais apoios às suas ações geopolíticas. A própria recusa da ONU, em apoiar a invasão do Iraque, mostra que já não é tão fácil as potências se organizarem apenas em torno de seus interesses. Há quem veja, nesse caso, um dos sinais do enfraquecimento do poder dos EUA como força principal na ordem mundial.
Nas duas décadas que seguiram à Segunda Guerra Mundial, o domínio dos EUA era bem grande, embora esse poder fosse relativamen­te dividido com a URSS: o dólar reinava no mundo, sua superioridade tecnológica era incontestável e sua influência cultural era bem aceita.
A intervenção e a derrota para o Vietnã abalaram essa condição. Concorrentes na corrida tecnológica e econômica, Japão e Europa Ocidental, começam a alcançar esse poderio. Até mesmo o mercado interno americano foi alcançado por uma avalanche de carros e capitais japoneses e europeus, que chegaram a investir no setor imobiliário das grandes cidades norte-americanas. O próprio dólar se enfraqueceu no cenário internacional e em termos econômicos, sua força já não é de uma superpotência incontestável.
No plano político e cultural, a força da potência também está abalada no mundo ocidental, pela degradação das condições am­bientais do planeta. Em outras áreas do mun­do, cresce a rejeição aos EUA e às outras po­tências de modo bastante grave, o que pode ser exemplificado pelos atentados terroristas nos EUA, na Espanha e na Inglaterra.
Paralelo a isso, está surgindo uma nova ordem solidária, menos influenciada pelos interesses particulares, em nome de um bem co­mum. Será? Observe o mapa “Ajuda pública ao desenvolvimento (países beneficiários)”, na página 46 no caderno do aluno, que apresenta o volume de ajuda ao desenvolvimento recebida por diversos países. Mas:
- A superpotência americana ajuda menos que o Japão. Será o Japão mais solidá­rio, ou a intenção dessas ajudas é geopolítica antes de tudo? A ajuda do Japão é no Oriente, na sua vizinhança. O que isso indica? Tentativa de influência para continuar dominando o bloco asiático?
- O fluxo de ajuda americana à Rússia é grande. Solidariedade entre as antigas superpotências (inimigas) ou novo círculo de interesses está se impondo? Qual a lógica das ordens mundiais até aqui existentes e as condições para sua perma­nência?
- Os países mais pobres do mundo, na África, não estão entre aqueles que recebem mais ajuda. Por que? Será porque não representam uma boa área de influência e negócios?
- Na América do Sul, o Brasil está entre os que recebem mais ajuda. É uma ótima região para negociações? Será esse o motivo?
            No mundo contemporâneo, existem refugiados porque são vitimados por conflitos regionais ou internos em vários países do mundo. Recebem tratamento humanitário, conforme decisões de organismos internacionais. Não são considerados refugiados os que não abandonam as próprias fronteiras do país em conflito (já que não saíram do país).
Depois do atentado terrorista a Nova Iorque, os EUA invadiram o território do Afeganistão, suposto esconderijo do líder terrorista Osama Bin Laden. Com a invasão do Afeganistão, mais de 1 milhão de pessoas fugiram para o Paquistão, seu vizinho. As principais vítimas de situações como essas são populações mais pobres, em geral camponesas. Como não têm recursos para empreender fugas mais distantes, terminam permanecendo nas proximidades, em campos de refugiados.
Sobre o grande volume de refugiados de guerra, no centro da África, podemos afirmar que nessa área há vários Estados nacionais desagregando-se em razão de conflitos não resolvidos que vêm da descolonização. A constituição nacional (a configuração de Estados nacionais) no continente africano guarda desde sua origem um potencial imenso de conflitos. O processo colonial e a posterior descolonização moldaram Estados em dissociação com as dinâmicas sociais locais, algo que mantêm em boa medida até hoje.